newtonianas
Sobre o que vejo quando fecho os olhos, o ponto de luz no
centro que alastra em mancha até desaparecer na periferia da escuridão, penso
não se poder discorrer muito mais para além da compreensão do engenho
ludibrioso que confunde o encéfalo. Já o vazio que ouço, o que sinto longínquo,
o que me chega à boca como éter, a imponderabilidade, me mostram que, afinal,
aqui estou. Mas nada se confronta com o nada, não é preciso invocar a terceira
lei da dinâmica para saber da impossibilidade de cavar no vazio. Não há, assim,
qualquer possibilidade de cavar dentro, de desenterrar, trazer à luz, aclarar e
expor.
Já de olhos abertos não vejo nada dentro. Na melhor das hipóteses,
imagens deformadas por sucessivas reflexões em salas de espelhos.
Newton, de William Blake (Collection Tate Britain)
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